There are lies, damned lies and facts

No inicio deste processo de ajustamento orçamental fomos apresentados a esse conceito difuso conhecido por Gorduras do Estado. 

 

Ouvimos há anos de todos os quadrantes políticos que o problema do défice se deve a estas nada formosas gorduras: PPP's, assessores, mordomias, salários dos políticos e a agua engarrafada do Parlamento.

 

Este discurso penetrou de tal maneira no imaginário da opinião publica que quem se atreva a pô-lo em causa é logo apelidado de corrupto pela extrema-esquerda e de keynesiano pela direita no poder.

 

Mas este conto de fadas não resiste a uma simples analise dos factos:

 

Em 2012, o Estado Português vai gastar cerca de 72 mil milhões de Euros (Despesa Corrente). Destes 72 mil milhões, 73% são salários e prestações sociais. 

As gorduras não existem. Os encargos com as PPP's rodoviárias não serão mais que 1% da despesa em 2013 como informou na RTP o Ministro da Economia e os custos da democracia - salários dos políticos -  representam apenas 0.9% da Massa Salarial do Estado

 

Temos na verdade um Estado essencialmente virado para a redistribuição e prestação de serviços publico essenciais.

 

Esta é uma realidade que se prefere ignorar. Nenhum politico em Portugal tem a coragem de assumir que não é possível continuar a garantir serviços públicos universais nomeadamente na Saúde e na Educação e que tem de haver uma redução no curto prazo da componente contributiva da Segurança Social em detrimento da componente redistributiva.

 

Pelo contrario alimentam este mito. A actual direcção do PS na sua obsessão populista em se afastar do legado Sócrates, resolveu inventar um imposto demagógico sobre as PPP's sem qualquer relevância fiscal e de duvidosa aplicação exigindo ao mesmo tempo as contas dos gastos dos gabinetes ministeriais. Esqueceram-se foi da máxima que Salazar nos ensinou quando compraram os carros de luxo: Não basta ser populista, tem de se parecer do povo.

 

Na comunicação social também não ajudam. Assistimos diariamente ao comentário televisivo miserável sobre este assunto que acaba quase sempre na insinuação sobre os decisores políticos.

 

 

Claro que seria mais fácil se fosse verdade. Não teríamos que fazer opções difíceis. Não teríamos que enfrentar a questão que apesar de termos conseguido muito nas ultimas décadas ainda não produzimos a riqueza suficiente para garantir tudo aquilo que desejamos. Resta-nos ter um debate honesto sobre as opções.

 

NOTA: este gráfico sobre a Massa Salárial do Estado não abrange a totalidade do universo do emprego publico, nomeadamente, os hospitais-empresa. Daí o reduzido numero de médicos. 

publicado por vascodcm às 23:40 | link do post | comentar | partilhar